Despretensioso e influenciado pela visão analítica-filosófica, o autor busca na razão uma forma de expressar o grito contido e rouco das discordâncias e incoerências de uma sociedade marcada não só pela ignorância, mas também pelos absurdos, aos quais somos initerruptamente submetidos, em uma espécie de espiral que parece sem fim.
Dentre as inúmeras regências possíveis do termo “fanfarrão” expostas nas páginas que compõem a obra, a que certamente complementa a ideia central é a do indivíduo que ostenta um comportamento que não possui de verdade, seja por ignorância ou por perspicácia.
Nesse contexto, não pareceu difícil para Wagner Guedes atribuir uma visão crítica-filosófica, por vezes ácida, cômica e irônica, às discrepâncias sociais, tampouco análises mais aprofundadas sobre os resultados destes absurdos.
Astutamente, faz uma análise sobre um povo predominantemente envolto de fanfarrões – dessa forma, cita e dá referências a figuras como João Alves de Almeida, um político brasileiro, de passado recente, com base eleitoral no estado da Bahia, que se destacou como o deputado baiano mais sortudo a que se têm notícias, verdadeiramente um ícone entre os homens de sorte. Uma vez que ganhou mais de 200 vezes na loteria, 125 apenas em dois anos. Questionado à época, atribuiu sua sorte a “uma benção de Deus”. João Alves figura entre nosso rol de fanfarrões, seguido por diversos outros.
Como o mecanismo atribuído ao título envolve a cultura pródiga e inventiva, Wagner faz um tributo ao escritor, filósofo e professor Ariano Suassuna, quem sempre chamava a atenção pelo seu trato filosófico com a vida e com o mentiroso no cenário cultural brasileiro.
Um filósofo num país de fanfarrões
Autor: Guedes, Wagner
ISBN: 978-65-990701-2-9
Editora: Dialógica Editora - Opus Citatum
Dimensões: 14x21cm
Páginas: 256
Ano: 2020